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sábado, março 03, 2018

Behind that girl eyes


Eu me escondi de mim,
por anos a fio.
Eu fui tudo e não fui nada.


Eu me escondi de mim,
e de você.
e do joão.
e talvez também do josé.


Eu me escondi de mim,
escondi meus pensamentos,
escondi a alma,
fechei os olhos, os apertei com força,
cantarolei alto enquanto tampava os ouvidos.
Mesmo assim eu ouvi.
Mesmo assim, quando cruzei o corredor, em um relapso de sanidade, abri os olhos sem querer e me vi. Aqueles imensos cílios carregados por rímel preto me encaravam, emoldurados por lábios grossos e rosados. Uma face pálida, amarelada, mas ainda remotamente bonita, emoldurada por fios de cabelos negros perfeitamente desarumados em ondas que pareciam de veludo. Me achei em toda a profundeza que olhos cor de âmbar podem carregar.
Me olhei fundo, bem fundo e eu estava ali.
Parada no silêncio, estacionada na casa dos vinte e poucos anos.


Fez um barulho lá fora. E em frações de segundos eu me perdi. O espelho agora só mostrava os tons de cinza do lavabo, perfeitamente escolhidos para harmonizar com o arranjo de palhas secas.


Desde esse dia, todos os dias foram em função de tentar me fazer surgir mais uma vez.
Eu falhei.
Ainda falho.

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