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quarta-feira, setembro 21, 2016

Era Crepúsculo Quando Eu Percebi


Era crepúsculo quando eu percebi. A rua solitária junto ao anoitecer não tinha espaço enquanto meu peito estava cheio e tumultuado. Os postes de luz desenhavam minha silhueta em uma sombra vazia e destorcida. Eu tinha uma saia de pregas estampadinha e cabelos longos soltos em um corte meio bobo. Os olhos queria encher de lágrimas e eu queria que eles enchessem. Mas eles não derretiam.

Como sempre meus pensamentos flutuavam. Junto a eles eu sentia meu corpo sair do chão. Subitamente retomei pensamentos de uns cinco anos atrás. Talvez houvesse um motivo para o meu eu com uns quinze anos existir, mas talvez após esse tempo eu tenha burlado o destino de alguma forma e continuado o que deveria ter sido encerrado. Pensei em rasgar os pulsos, em cordas ou até em pular na lagoa e esperar o ar acabar.

Eu sempre acreditei que se não temos nada que realmente queremos fica muito difícil querer continuar. Mas quando queremos muito uma coisa a fazemos acontecer enquanto os pontos que separam o desejo e o objetivo acabam passando em branco. Eu temo ter chegado aos míseros vinte e um anos sem possuir mais motivos para querer estar aqui. Minha valentia se esvaiu. Incrivelmente hoje em dia eu não gosto de procurar intrigas. As vezes acho melhor não explicar meu ponto de vista porque sei que ninguém entenderá.

Era crepúsculo quando eu percebi que a menina de olhos brilhantes não era mais parte de mim.

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