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quarta-feira, março 09, 2016

Como flor



Tem gente que é feita de poesia. Outras, feitas de alegria. Tem gente que nos lembra saudade. Algumas outras são vazias. Já ela era como perfume de flor pela manhã.

Gostava de acordar cedo, mas era anoite que ela florescia. Era filha da tarde de inverno, mas na primavera se tornava poesia. Escancarava sorrisos e , as vezes, se atrevia a roubar alguns, mas era quando chorava que tinha os sentimentos mais profundos engasgados na garganta. Por sua vez, era difícil vê-la transformar-se em água.

Também lhe agradava a músicas lentas que deixavam espaço para seus pensamentos desordenados. Pensava demais, sonhava demais, fundia sua imaginação à realidade e morria de angústia quando não conseguia separá-las. Gostava de respirar fundo e usar os dedos para trazer suas ideias para o papel.

Não era a pessoa mais paciente do mundo. Também não era a mais estressada. Não se considerava a melhor em quase nada, mas também não era a pior. Gostava de ser bem resolvida, mas sempre ficava na dúvida sobre o que diabos estava fazendo da sua vida. Gostava de ser única, mas também gostava de ficar quieta na sua. Amava seus cabelos bipolares e ondulados, mas as vezes só queria um liso bem decidido.

Era alucinada por filmes antigos e acreditava que a cada livro lido abria uma porta para a mente do autor. Se assustava quando pensava essas coisas e se lembrava que a maioria deles já estão mortos. Amava aprender coisas novas e receber demonstrações de amor.

Ah, meu amor, aquela morena era complicada demais de se entender, mas quando se entendia o que ela queria dizer ao piscar os olhos cor de mel ela virava poesia por si só.