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quarta-feira, outubro 19, 2016

As vezes na vida.



As vezes na vida nos aparece alguém completamente sem função, mas que se encaixa perfeitamente na sua vida. Com você foi assim.

Você foi de mais alguém para ouvir as milhões de coisas que eu tenho para falar a alguém que me fazia vigiar o telefone por uma mensagem em alguns dias. Você me mostrou suas músicas preferidas e elas também eram as minhas. Nós riamos, de tudo, de todos, de nós, da vida, do universo.

Estar ao seu lado foi confuso, mas apaixonante. O coração parou por um instante e voltou mais intenso que nunca. Os olhos as vezes se enchem de lágrimas, a mente diz para se afastar. Você fez com que eu me preenchesse de felicidade e isso até eu - que sou de certo modo realista e as vezes pessimista - preciso admitir que vale mais do que meia dúzias de palavras mal ditas.

As vezes na vida nos aparece alguém que te coloca no colo e abraça forte quando você diz estar triste. As vezes isso vem acompanhado de ataques de cócegas e gargalhadas jogadas pela cama com alguns beijos no pescoço. As vezes também vem junto com um gosto musical inquestionável e um beijo na testa para te dizer oi.

As vezes na vida, mas só as vezes mesmo, nos aparece alguém que desperta o melhor que possa existir aqui dentro. Ah meu bem, quando esse alguém aparece é melhor você estar preparado porque nunca mais vai querer voltar a ser quem você era antes dele.



quarta-feira, setembro 21, 2016

Era Crepúsculo Quando Eu Percebi


Era crepúsculo quando eu percebi. A rua solitária junto ao anoitecer não tinha espaço enquanto meu peito estava cheio e tumultuado. Os postes de luz desenhavam minha silhueta em uma sombra vazia e destorcida. Eu tinha uma saia de pregas estampadinha e cabelos longos soltos em um corte meio bobo. Os olhos queria encher de lágrimas e eu queria que eles enchessem. Mas eles não derretiam.

Como sempre meus pensamentos flutuavam. Junto a eles eu sentia meu corpo sair do chão. Subitamente retomei pensamentos de uns cinco anos atrás. Talvez houvesse um motivo para o meu eu com uns quinze anos existir, mas talvez após esse tempo eu tenha burlado o destino de alguma forma e continuado o que deveria ter sido encerrado. Pensei em rasgar os pulsos, em cordas ou até em pular na lagoa e esperar o ar acabar.

Eu sempre acreditei que se não temos nada que realmente queremos fica muito difícil querer continuar. Mas quando queremos muito uma coisa a fazemos acontecer enquanto os pontos que separam o desejo e o objetivo acabam passando em branco. Eu temo ter chegado aos míseros vinte e um anos sem possuir mais motivos para querer estar aqui. Minha valentia se esvaiu. Incrivelmente hoje em dia eu não gosto de procurar intrigas. As vezes acho melhor não explicar meu ponto de vista porque sei que ninguém entenderá.

Era crepúsculo quando eu percebi que a menina de olhos brilhantes não era mais parte de mim.

sexta-feira, agosto 26, 2016

Ao Meu Bem



Almas profundas, corações bem guardados, lágrimas que evitam cair e sorrisos que vem e vão. As vezes na vida a gente acha alguém que poderíamos passar horas conversando, que combina no olhar, que encaixa no abraço e que, mesmo que o beijo pareça meio desajeitado, faz com que ele entre rapidinho na brincadeira. Quando essa pessoa finalmente chega o coitado do coração não tem outra opção a não ser se derreter.

Eu nunca consegui viver bem com pessoas rasas à minha volta, mas, como o relógio insistiu que iria passar, comecei a aceitar que elas eram as únicas que existiam. E nunca foi tão bom estar errada.

O amor dessa vez chegou em forma de olhos castanhos que, as vezes, deixam que eu me perca na escuridão. E eu, que sempre tive medo de escuro - por não saber o que encontraria lá - nunca gostei tanto de um lugar. Ele trouxe consigo uma risada franzindo o nariz e um sorriso que convida o meu pra mais uma dança. Claro que quem se encanta pela escuridão também teria de lidar com as mordidas, os xingamentos, as malícias e todas as provocações e pequenos (e perdoáveis) pecados.

Você não precisou insistir muito pra que eu te deixasse entrar. E não demorou pra que eu conseguisse ver toda luz que existe dentro de você. Mas foi quando você finalmente alcançou lugares que ninguém nunca conseguiu chegar que me fez querer ficar, porque dessa vez, meu bem, vai ser tudo diferente.

segunda-feira, agosto 22, 2016

Escudo no Peito


Com o tempo enrijeceu o coração, o protegeu como quem esconde o tesouro mais precioso para que ninguém fosse capaz de encontra-lo e, principalmente, de machuca-lo. Com o coração distante, aos poucos, o brilho dos olhos também se esvaiu. A alma começou a se satisfazer com o que conseguia encontrar de mais frio, violento e tenebroso. Ele era feito de uma fina camada de sorrisos amigáveis que disfarçava seus pensamentos obscuros e nebulosos. Com o coração rígido, ele gostava do que se tornara.

E foi nessa história de brincar com pessoas que um dos jogos resolveu dar errado. Encontrou alguém que entrou no ritmo e gostou da malícia no sorriso em contraste com o jeito meigo no olhar. Gostou também da voz calma ao acordar e dos beijos de difícil sintonia. Ele foi a cada dia se derretendo um pouco mais, apesar de no final sempre voltar a se enrijecer e fingir que nada aconteceu. Foi aos pequenos detalhes e longos dias sofrendo leves fraturas no seu mais precioso esconderijo.

Só espero, menino, que um dia você realmente me deixe entrar e aconchegar meu coração junto ao seu. Prometo que eu vou te bagunçar, mas vou tentar ser menos desastrada e não deixar nada quebrar.

domingo, agosto 07, 2016

Intensidade sem tempo.





Decidida, pé no chão e com a opinião forte. Eu sempre soube o que queria e o que não queria. 

Ele surgiu naquela pequena brecha quando o coração estava decido a não mais se apaixonar. Eu não tive escolha sobre gostar ou não. Chegou antes que eu conseguisse mover os lábios e dizer palavras que o fariam recuar. Antes mesmo que eu conseguisse mover rapidamente os pés para escapar dos seus beijos desajeitados. Quando percebi suas mãos já entrelaçavam minha cintura a seus olhos observavam de tão perto o que eu tenho de mais distante. Cantou no meu ouvido aquelas músicas que servem para acalmar minha alma e me sossegou

É um daqueles morenos que sorri e carrega meu sorriso junto. É também daqueles me fazem sorrir sem motivos e perder os dedos no seu cabelo. Ele é intenso, firme e ao mesmo tempo sereno. Me faz perder a hora, o dia, a semana. 

É confusão na certa, mas eu também sou. 

É aquela velha história de que as vezes simplesmente a gente não consegue entender o que aconteceu, então é melhor deixar ver no que que isso vai dar.

quinta-feira, maio 26, 2016

Era confusão



Acordou mais cedo que o normal - na verdade, há bastante tempo não dormia noites inteiras - e enrolou um pouco para levantar. Abriu a cortina e viu a cidade imersa em um mar de neblina branca que quase não deixava identificar onde eram montanhas e onde era céu. Passou pelo banheiro e foi na cozinha. Se movia com uma delicadeza de quem não se importava em se atrapalhar. As mãos, quase como uma dança, se esticavam, retraíam, giravam e então paralisavam. Encheu o bule de água e ficou ali, encostada no vão da porta, esperando que a chama lenta e azul do fogão fizesse a água borbulhar. O barulho do filete de café caindo pela garrafa, o aroma inundando a casa e a manhã já não parecia mais tão solitária.

Hoje ela decidiu não fazer nada. Se sentou no sofá quase como quem estava em estado de êxtase. Com uma xícara quente de café nas mãos se pegou olhando para o nada. E assim ficou. Ficou. Ficou. Ficou. E ficou até que sentiu a alma se enchendo, até que o sofrimento foi apagado, até que os cortes nos dedos cicatrizassem, até que a saudade não era mais confundida com amor, até que se perdoasse por deixar os outros a machucarem, até que aceitasse que a culpa nem sempre é sua.

E foi assim, como quem brinca de poesia com o dia a dia, que ela descobriu que com o tempo a dor é lembrada com menor intensidade e que é melhor sofrer um pouco quando termina do que sentir uma pontinha de culpa todos os dias.


Decepcionante vida



Gostava de sorrisos escancarados e de olhares profundos. Gostava de profundidade em pessoas e de gente estranha. Era mais ela do que nunca. Sabia que era. As decepções, as violências e as contradições acabaram abalando, pelo menos um pouco, do que era uma mulher forte e confiante. Mas, quando a tempestade passou ela se levantou e olhou em direção ao sol e nada nunca fez tanto sentido assim. O coração estava mais rígido, o coração mais frio, a voz mais firme e renascera das cinzas mais forte que nunca. E ela sabe que, daqui algum tempo serão outras decepções. O que importa de verdade é perceber que se aprende mais errando do que quando se acerta mil vezes.


quarta-feira, março 09, 2016

Como flor



Tem gente que é feita de poesia. Outras, feitas de alegria. Tem gente que nos lembra saudade. Algumas outras são vazias. Já ela era como perfume de flor pela manhã.

Gostava de acordar cedo, mas era anoite que ela florescia. Era filha da tarde de inverno, mas na primavera se tornava poesia. Escancarava sorrisos e , as vezes, se atrevia a roubar alguns, mas era quando chorava que tinha os sentimentos mais profundos engasgados na garganta. Por sua vez, era difícil vê-la transformar-se em água.

Também lhe agradava a músicas lentas que deixavam espaço para seus pensamentos desordenados. Pensava demais, sonhava demais, fundia sua imaginação à realidade e morria de angústia quando não conseguia separá-las. Gostava de respirar fundo e usar os dedos para trazer suas ideias para o papel.

Não era a pessoa mais paciente do mundo. Também não era a mais estressada. Não se considerava a melhor em quase nada, mas também não era a pior. Gostava de ser bem resolvida, mas sempre ficava na dúvida sobre o que diabos estava fazendo da sua vida. Gostava de ser única, mas também gostava de ficar quieta na sua. Amava seus cabelos bipolares e ondulados, mas as vezes só queria um liso bem decidido.

Era alucinada por filmes antigos e acreditava que a cada livro lido abria uma porta para a mente do autor. Se assustava quando pensava essas coisas e se lembrava que a maioria deles já estão mortos. Amava aprender coisas novas e receber demonstrações de amor.

Ah, meu amor, aquela morena era complicada demais de se entender, mas quando se entendia o que ela queria dizer ao piscar os olhos cor de mel ela virava poesia por si só.

quinta-feira, janeiro 21, 2016

Mirror



Tinha na mente um turbilhão de pensamentos. Não sabia organizar sentimentos. Era fria pela praticidade. Sorria para muita gente, mas escolhia a dedo quem manteria por perto. Não tinha muitos amigos, nem muitas histórias, nem muita autoestima. Inventava histórias no pensamento e muitas das coisas mais certas que fez na vida saíram dessas. Gostava de mudar sempre que se achava comum demais. Tinha consciência de seu lugar entre o estranho e GOSTAVA.

Eu a conheci em algumas noites de verão, algumas tardes jogando conversa fora, algumas manhãs olhando no espelho com o cabelo desajeitado. Eu me percebi aos poucos e fui gostando do que era.

Nunca fui uma dessas pessoas que faziam sucesso com muitas outras. Nunca me enquadrei nas caixinhas que as outras pessoas buscavam. Já me definiram como complicada, exótica, confusa, desastrada, estranha. Mal sabiam eles que eu só queria ser eu.