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domingo, março 11, 2012

Trem de ferro.


Tão insensível quanto a pedra mais áspera do jardim de inverno que me lembram dos seus falsos sorrisos. Enquanto a fumaça do café quente convidava o vento para a dança mais harmoniosa que já vira, os olhos vidravam-se em relação ao nada. Mente vazia, olhos cheios de lágrimas. Alma perdida em metade da vida. A juventude ainda lhe pertencia? Responsabilidade pesava-lhe os ombros. Onde estaria o sorriso? Passos leves em direção a janela levaram-na a observar a paisagem. Ninguém estava por ali. Sorria, por favor, sorria. Nem o próprio sorriso a pertencia. Para onde a vida a levaria? Pegou a mala e o guarda-chuvas. Calçou suas botas e trancou a casa. Entrou no trem de ferro sentindo o coração falar que para ali não queria retornar. Ergueu a cabeça quando o trem parara na estação seguinte. Vinte e poucos anos, jeans surrados, camisa de botões perfeitamente desarrumada. Desistira de observá-lo para passar o resto da vida a imaginar o que teria acontecido se apenas um "bom dia" tivesse lhe direcionado. Assustou-se com uma voz rouca perguntado se poderia se sentar. Confirmou com a voz fraca, entorpecida após ser despertada de sua própria mente perturbada. Sem perceber, ele não deixara retornar à aquele lugar assombroso onde seus pensamentos moravam. Sem perceber, um sorriso formava-se por dentro. Sem perceber, uma conversa de viagem, virou amizade de todos os dias que virou sorriso de todas as manhãs, que virou brilho no olhar e que acabou fazendo seu coração voltar a pulsar.

Um comentário:

  1. BANALIDADE

    Sob a mira de um revolver
    A vida testemunha
    Seus últimos instantes.
    O gatilho dispara,
    Enquanto um corpo em câmera lenta,
    Despenca sobre uma poça de estatística.

    (Agamenon Troyan)

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