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segunda-feira, outubro 03, 2011

Ácida primavera.



E por ironia do destino, a vida seguia. O que começou como despedida, hoje prosseguia. O sorriso no espelho me dizia que porra, erramos pra caralho. Mas um errar nunca foi tão bom, nunca foi tão engraçado, tão sensível,  tão feito de amor. O "e se" desmanchou-se como balas de limão naquela doce tarde de Setembro. O "minha" tornou-se eterno. A primavera perfumava o céu com flores roxeadas. O sorriso fixou-se na mente ao lembrar que você existia. A saudade passou para desejar-nos bom dia. As lágrimas lavaram a alma, trouxeram novos tempos, novas esperanças. Não sei o que sinto, não sei o que deveria sentir, mas peço de olhos fechados, que essas borboletas navegando por mim sejam amor por ti, por ti, por ti. Sorri. A acidez da distância quilometrada neutralizou-se com a base fundamentada de corações emendados entre si. E eu só sei pensar em ti e esperar que as calmas águas de Dezembro tragam-lhe para mim. Se não for amor, é coisa melhor.

Ventava-se na mente.


Brincava de escrever para dizer que tinha uma alma. Não tinha mais nada. O cansaço, o desgaste, a vida, sugaram-lhe tudo. Até a última gota de sonhos, esperanças e sorrisos. Observava o brilho das estrelas, queria um pouco daquilo, um pouco de magia. Não tinha nada. E os ventos ventavam de um lado para o outro, arrancavam gravetos, brincavam de se vingar de todas as vezes que as janelas não os deixaram entrar. A pipa não se importava, dançava no ar. A menina sorria com o cabelo parecendo flutuar, sua bola de chicletes fazia toda a tarde estalar. Acabei por acreditar que o sorriso voltava como quem olhava pra trás. Aumentei a vitrola de madeira, fui-me embora a dançar.