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quinta-feira, julho 28, 2011

Vida em mudança.


Amanhecera novamente com aquela mesma ideia surreal de que o dia seria perfeito. Não foi. Levantara da cama pensando em uma xícara de café a sua espera. O café não estava pronto naquele dia. Abrira as cortinas à procura de um pouco de sol para aquecer dentro de casa. O céu estava nublado. Você fazia falta naquele dia, naquela casa, naquela vida. Fora regar as plantas sabendo que não encontraria se quer uma viva. Encontrou novos botões de margaridas. A face abriu um sorriso. O cabelo dançava com o vento. O resto da alma se convidou. Liberdade, a ventania soava nos ouvidos. Talvez fizesse falta, mas não naquela manhã. Minha alma me pertencia. Seu lugar não era aqui. Esqueci seu nome, seu endereço, seu telefone. Não esqueci o amor, pois um dia esse amor tomara conta de mim. Guardei-o na caixinha de lembranças. E quando sentir saudades, abro a tampa, mando felicidades. 

terça-feira, julho 26, 2011

Confusa(mente) Coração.


É sempre assim, não sei muito bem o que pensar ao encontrar-lhe. Talvez ainda exista algo que não deve ocorrer. Faz passarem milhares de coisas pela minha confusa mente. Digo ao coração que ele nada sente. Ignora-me, ele sente. Sempre sentiu. Calo-me e lembro que é algo forte o suficiente para me fazer desejar felicidade independente de com quem você a encontre. Confundo-me ainda mais. Quais as chances de que novamente esteja errada? Prefiro o silêncio a estragar seu sorriso. Encantador sorriso. Jogo na vida. Se for parte de mim um dia ocorre. Mesmo sabendo que jamais vai ocorrer, afinal minhas possibilidades de felicidade parecem não terem sido feitas para acontecer. Existem apenas para deixar-me iludir com o "e se...".  A cabeça se confunde sem o tradutor de coração. Acho que preciso parar de tentar desvendar sentimentos e apenas... senti-los.

sábado, julho 02, 2011

O amor na janela ao lado.


Ineficácia invade-me a mente em mais uma solitária tarde. O sorriso não tem nenhum sentido. As lágrimas hoje caem sem motivo. O que acontece comigo? Não sou nada ao mundo, acho que enfim dei-me conta disto. Não ousaria continuar se desconhecesse o fato de que tornaria-me apenas mais uma coisa inacabada. Jogo-me ao vento esperando ver o que acontecerá de novo nessa cidade pacata. Uma sonoridade diferenciada invade a rua. Direciono-me a janela para observar o que estaria acontecendo por ali. Garotos da minha idade conversam na calçada enquanto cantam músicas antigas parecendo não importarem com nada. Provavelmente, se o mundo estivesse acabado naquele momento, continuariam ali, sem se preocuparem. Devem ser amigos do novo vizinho, só cruzei com ele algumas vezes durante o tumulto habitual. À algumas semanas eu não pensaria duas vezes, iria para a rua, apresentaria-me e permaneceria ali. Porém, atualmente, não sou mais esse tipo de garota. Sou aquela que passa calada, na dela, fingindo não ver nada acontecer. A campainha toca despertando-me dos meus escassos pensamentos no parapeito da janela recém envernizada. Abro a porta com a mesma feição comum de fastio. Era o recém chegado vizinho.
- Por acaso aí tem gelo? Esqueci de encher as formas e a cerveja ta quente.
- Sei lá, acho que tem. Entra ai. Cerveja quente é um porre né?
- Não suporto.
Aquelas risadinhas sem graças de quem tentava puxar assunto dominaram a sala. Entreguei-lhe a forma enquanto ele dizia:
- Valeu, quebrou um galhão. Por acaso a gente ta incomodando? Meus amigos são um pouco barulhentos.
- Nada, sem problema, eu gosto de barulho. Essa rua geralmente é silenciosa demais.
- Vem aqui pra fora, eu te apresento pra eles. Isso é, claro, se não estiver fazendo nada...
- Ah deixa pra outro dia.
- Hum... Tudo bem então. Obrigado pelo gelo.
O som da porta ecoou casa a dentro enquanto perguntava-me por dentro, porque afinal de contas haveria recusado o convite. Eles faziam o meu estilo comum de amigos, uma leve pegada de rock mesclada em gargalhadas e ótimos cortes de cabelo. Deixei pra lá, fiz um chá e adormeci ali no sofá. Acordei com o sol invadindo meus sonhos ao entrar pela fresta da cortina. Fiz o café e fui delicia-lo na varanda da frente. Não demorou muito o tal garoto apareceu rangendo os degraus e perguntando se poderia se sentar. Permanecemos ali por horas, jogando conversa fora. E assim começou a ser todas as manhãs com o vizinho do jeans surrado. Diferente do restante das pessoas, ele parecia não cansar-se do meu tédio contagioso ou da minha risada escandalosa. Não precisava de convite, ele só vinha. Essa noite bateu a minha porta à meia noite, puxou-me pelo braço e derrubando-me no gramado dizia com um sorriso no rosto:
- Olha a lua.
- Lua crescente.
- Não, OLHA a lua.
- Como assim?
- Ela ta linda. Parece que se esticarmos o braço, poderemos tocá-la.
- É, ta linda mesmo.
Fixou os olhos sobre mim.
- Sabe o que é mais lindo que a lua?
- O que?
- O jeito como seus olhos brilham.
E beijou-me, daquela maneira meio desengonçada que só ele sabia ser. Depois pegou o violão que havia encostado na parede de sua casa.
- Olha o que compus.
E tocou a mais bela das canções que eu já ouvira. Todo o mundo parecia haver desaparecido. Existíamos apenas nós. Acabei por adormecer ali no jardim. Acordei na sala abraçada por ele. Quanto tirei satisfações de como havia ido parar ali, ouvi um:
- ETs te abduziram e deixaram você ai.
Após diversas risadas, disse que me trouxera para dentro por lá fora estar muito frio e que acabou por dormir aqui. 
- Folgado.
- Pelo menos eu te carreguei.
Beijei-o. Não sei muito bem porque, mas ele era tão encantador... Alguns meses depois, toda a chatisse, o tédio e o desânimo me abandonara graças a presença daquela criatura perturbadora e adorável. Não sei muito bem, acho que apaixonei-me pelo garoto da janela ao lado.