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segunda-feira, março 07, 2011

Destino desenhado.


Noite escura, tenebrosa, silenciosa. Em meio a neblina o trem das dez chegara. Logo uma silhueta masculina, alta, magra surgira sob o poste com luz defeituosa. Esforçava-me para tentar identificar. A lâmpada não deixava. Continuou andando em minha direção. Com força soltou as malas no chão. Se aproximou mais um pouco. "Eu te amo", sussurrou. Minha vontade era de dar-lhe um tapa na cara, alguns gritos e um beijo. Porém virei-me de costas e comecei a andar. Ele me seguia, podia sentir sua respiração ofegante enquanto tentava alcançar-me. Alcançou. Puxou meu braço para trás. Me beijou. Empurrei-o.
-O que faz aqui? (Perguntei rancorosa).
-Vim atrás do que amo. (Respondeu firmemente). Me desculpe.
-Desculpar? Pelo que?
-Por jamais ter lhe dito o quanto lhe amava.
-Levou-me ao chão na manhã em que partira sem despedir-se.
-Não conseguia mais lhe ver sem te ter. Deixe-me reconstruir seu coração.
-Para quebra-lo novamente?
-Para amar-me novamente.
-Não posso ama-lo de novo, enquanto ainda o amo pela primeira vez.
-Nunca a esqueci.
Desabei em lágrimas bem ali, naquela parte, naquela hora. Podia ver em seus olhos que dizia apenas a verdade. Beijei-lhe naquele instante. Suas mãos tremiam, as segurei com força enquanto sussurrava em seu ouvido:
-Vê se desta vez não parte de novo.
Dei meia volta, peguei as suas malas, levei-as para casa, coloquei em um canto da sala. Ele abriu o ponte de bolachas, após me jogar sobre o sofá. E dizia algo meio assim, que o nosso fim sempre esteve escrito em um canto de algum papel. Só precisávamos passar pelos rabiscos que o antecediam.
Fechei os olhos, viajei na mente. Quantas são as probabilidades de que o amor exista? Não interessa. Eu o amo.

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