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sábado, março 26, 2011

E existira amor.


Corra para ver a pipa pairando sobre o vento, junto ao sorriso de um pequeno menino. A cena enquadrada pela antiga janela de madeira descascada pelo sol. Ela sorria de canto a pensar em como tudo seria se ele estivesse ali naquele instante.
Alguns raios de sol beijam seu ombro. Se fechar os olhos quase consegue sentir os lábios do amado sobre o lugar. Olhos fixos sobre um ponto qualquer. Coração disparado dentro do peito. A mente a pensar em como pode se amar tanto alguém que tão longe esta.
O sino sobre a porta da antiga igreja toca anunciando que a missa das 7 já vai começar. Rapidamente consegue notar as figuras já enrugadas pela idade caminhando pela estreita e antiga ruazinha daquele pequeno vilarejo esquecido pelo tempo.
As dores recomeçam pelo corpo da garota que agora, trocou a janela pela cama, se contorcendo por doenças que a estão matando. O suor escorre pelo pescoço, o cabelo já ganha aspecto de oleoso. As vistas escurecem novamente.
Ao despertar, nota a presença de uma criatura um tanto quanto familiar debruçada sobre o sofá. As vistas ainda estão um pouco embaçadas. Esfregando as mãos sobre os olhos faz baixinho um barulho de alívio, de amor, de término de sofrimentos. Ele desperta do sono leve e arrastando o chinelo se dirige até a beira da cama.
-Como você esta?
-Melhorando. (Responde forçando um pequeno sorriso na face embranquecida).
- Estou preocupado. O que o médico disse?
- Não fique, estou bem. Ele disse que em breve estarei novamente andando de um canto ao outro.
- Senti saudades.
- Só pensei em ti a cada instante que passei trancafiada neste quarto.
Deu-lhe um beijo na testa, sentou-se no canto da cama e enquanto pegava na mão enfraquecida dizia.
-Eu te amo tanto, amor. Vai tudo ficar bem.
Dois dias se passaram, a garota estava a cada dia melhor, mais sorridente. E ele, mais esperançoso que nunca. Um telefonema:
-Preciso ir à cidade resolver algumas coisas. Volto em dois dias. Você acha que ficará bem?
-Claro. Vá.
-Tudo bem então. Te amo.
O último barulho do sapato ecoara pela casa. Mais um ruído, ligou o carro e se foi. Quando voltou foi recebido por um abraço apertado da sogra. Palavra nenhuma precisou ser dita, algo ocorrerá. Correu até o quarto onde sua amada costumava repousar. A cama estava estendida. A flor da cabeceira começava a murchar-se, as janelas fechadas. Com lágrimas dos olhos, gritava em tom de desespero:
-ONDE ELA ESTÁ?
- Meu querido, ela faleceu pouco após você sair.
- MAS EU A VI. (As lágrimas escorriam sem parar) Ela estava bem.
Diminuiu o tom até acabar murmurando as palavras. A senhora então lhe disse:
- O médico disse que ela estava nos últimos dias.
- Mas porque me escondera então?
- Queria passar os últimos dias ao seu lado como se nada estivesse acontecendo. (Após um longo suspiro, também com lágrimas nos olhos continuou dizendo). No momento em que você saiu, a alma dela se deu por completa, por feita. Suspirou por um breve momento, disse com lágrimas nos olhos um eu te amo baixinho, fechou os olhos. Apagou-se para o sono eterno.
Ele saiu da casa derramando lágrimas. Pegou seu carro e se dirigiu até uma casinha no alto de uma serra florida, lugar onde os dois costumavam passar as férias. Colheu algumas flores, jogou-as ao vento enquanto gritava, que a amava, que a amava, que a amava.
Depois de alguns dias seu corpo foi encontrado no quarto da casa. Morrera de amor. De saudades e de coração solitário.
Mas o fato é que juntos eles formavam um dos mais belos casais já vistos. A vida na cidade destruiu a saúde da garota. Todo o transito, o caos, o estresse. Acabaram agravando um câncer que à alguns anos estava estabilizado. Fora para a cidadezinha do interior para tentar se tratar. A vida ao lado dele foi a melhor que já experimentou. E o amou a cada instante de vida. Foi amada. Amada como se fosse a última flor de todo o belo campo. Ele costumava achá-la a menina-mulher mais incrível que poderia existir. A vida ao lado dela foi sem dúvidas, única.
Ainda ouvem-se rumores dessa história. E quando contada até o final sempre perguntam:
-Idaí? A única coisa que isso me mostra é que o amor pode matar e acabar com sua vida. Que pode ser uma tragédia.
E eu, sempre respondo com um sorriso de canto:
- Mostra que ao amor é a mais forte das doenças, mas também é a maior felicidade. Mostra que quando se ama alguém não quer que ela sofra, mas que também que às vezes se ama tanto que não consegue viver com o sofrimento da perda eterna. E mais importante que isso, mostra que o amor simplesmente existe. Ele existe. Independente da situação. De vez em quando se tem amor mesmo que a vida corroa toda a vida. E que quando um amor é verdadeiro, você ama a pessoa tanto que não vive sem ela.

terça-feira, março 15, 2011

Enfim encontraram-se.


E desceu do carro correndo. De moletom, shorts e fones de ouvido. Mordia os cantos das unhas à espera do ônibus que deveria ter chegado às 20:00. Ansiosa olhava as horas no gigantesco relógio sobre sua cabeça. A cabeça girava, mil pensamentos, sorria de canto enquanto se dependurava no para-peito. Um ônibus velho apontou na entrada da rodoviária. Ela saiu descendo correndo as escadas. O tênis falava, gritava, junto à ansiedade do corpo. Transporte e garota se encaravam em um só ponto. Ainda mordia as unhas enquanto procurava por só uma pessoa em meio à as caras estranhas. E ele se virou. Ela nunca se sentiu tão bem como quando os olhares se cruzaram. Uma troca de sorrisos tortos, sem graça, vergonhosos. "Mas que se dane a vergonha", pensou. E saiu correndo na direção da criatura mais incrível do mundo. Um abraço desajeitado. Um oi desengonçado. E pegou uma das suas mochilas, colocou no ombro. E saíram conversando, o braço dele passado sobre seu ombro, ela dando risadas dos casos que contara sobre o que aconteceu na viagem. Um esbarrão em uma sacola de uma senhora. A menina tropeçara, como sempre, tão desastrada. Uma série de risadas. E chovia naquela noite. Chuva engraçada, alegre e bem sincronizada. Enquanto corriam de volta ao carro, mais um tropeção no canteiro que dividia a avenida. Desta vez, no lugar de algumas gargalhadas, um beijo inesperado. Um coração encantado. E assim se lembram hoje, com a idade pesando na coluna, de como foi a primeira vez que se viram. E continuam ainda com suas conversas engraçadas, as crises de risadas e o amor para toda a vida.

sexta-feira, março 11, 2011

Imagine.


Imagine nós dois, eu e você, daqui a alguns anos, morando juntos. Não precisaríamos ser namorados, nem casados, nem nada disso. Apenas amigos. E nós seriamos felizes, eu e você. Fotos de nós dois estariam espalhadas pela casa. Fotos suas no meu quarto, fotos minhas no seu quarto. Mas nós dormiríamos juntos. Pelo simples fato de eu te querer por perto, e você me querer também. Pelo simples fato do seu quarto estar bagunçado de mais e a minha cama ser perfeita para nós dois. Eu teria medo do escuro, sem você. E eu andaria apenas com roupas íntimas, e você fingiria não se importar. E eu fingiria acreditar. Eu fugiria de você, correndo pela casa, rindo, com o controle da televisão, só pra você não mudar o canal. E você me pegaria, e ficaríamos abraçados até o silêncio nos constranger. Nossos sábados a noite seriam nostálgicos, olharíamos todos tipos de filme, atiraríamos pipocas um no outro e pediríamos uma pizza. Nostálgicos e perfeitos, porque depois dormiríamos abraçados, no sofá da sala, ao som da melodia dos créditos de um filme de romance em que eu choraria do começo ao fim, e você riria de mim e comigo. Iríamos ao supermercado uma vez por mês, comprar as mais diversas porcarias. E não nos faltaria nada. Você não se importaria com as minhas roupas espalhadas pela casa e pelo seu quarto. Eu não me importaria com a sua bagunça diária, nem com a sua toalha de banho atirada pelos cantos. Nos domingos à tarde, ficaríamos na sacada do nosso apartamentinho no 3º andar, tomando coca e cantando músicas velhas. Olharíamos as pessoas lá em baixo, casais apaixonados, e ficaríamos em silêncio, perdidos nos nossos próprios pensamentos. Suas amigas viriam te visitar, e eu choraria em silêncio, no escuro do meu quarto. Até elas irem embora e você ir dormir comigo, e perguntar se chorei. Eu negaria. Você acreditaria. Me acordaria no meio da noite, para contar um sonho que teve. E nós riríamos juntos. Me acordaria com café na cama, ou com uma rosa roubada do jardim da casa vizinha. Eu deixaria um recado sutil de amor na porta da geladeira antes de sair na segunda de manhã para visitar meus pais. Poderíamos até ter um cachorro. Poderíamos juntos, levar ele para passear. E você decidiria pintar a casa, e ela ficaria vazia, apenas com nós dois e nosso cachorro. Deitaríamos no chão, e eu perguntaria em que você estaria pensando. Você mentiria e me perguntava o mesmo. Eu mentiria. Eu iria para a universidade todo dia de manhã, enquanto você ia para seu trabalho de meio turno em uma empresa de sucesso. Você me amaria, em silêncio. Eu também te amaria, em silêncio. Em alguns anos, eu estaria me formando , e você estaria no topo da carreira. E você me levaria pra jantar e me pediria em casamento. Eu aceitaria. E seria uma linda história de amor.

(autor desconhecido)

Sempre comigo.


Uns 7 anos de vida, muitas besteiras na ponta da língua, já sofrendo um pouco com o mundo. Amizade instantânea. Nos auto-criamos juntos. Não ligando se os outros nos chamavam de estranhos, nerds ou idiotas. Sempre comigo. Desde que o mundo é mundo. Quantas cama-elásticas nos levaram ao céu? Quantas gargalhadas e bobagens? É impossível contar. E eu me sinto tão bem quando você ta comigo. Sabe de todos meus podres e mesmo assim me faz sentir incrível. Engraçado, inteligente, sem noção, comedor de pasteis, contador de histórias, escritor. Entre outras inúmeras qualidades. Meu confessionário 24 horas. Língua afiada, mente aberta, coração puro. Vem comigo pelo mundo? Mesmo que na primeira esquina achemos que já vimos tudo. Ainda temos muitas fotos para tirar, muitas histórias para contar, muita coisa para comentar. E vou te amar a cada segundo que respirar. Porque amizade assim não se destroí por causa de erros bobos. Jamais. E mesmo nos tempos tristes, eu vou estar contigo. Quando a Brit parar de cantar ou o mundo acabar. rs. E sei que posso contar contigo o tempo todo. Há 8 anos do meu lado. Me fazendo gargalhar. Mesmo que minha risada seja estranha, que eu não fale inglês, espanhol e francês, que eu seja uma viciada em café, eu vou te amar e isso basta por toda uma gramática decorada de trás pra frente. E que venham os próximos anos porque com 15 a gente só vai se fuder e disso estamos cansados de saber. Que venham os próximos tsunamis, os próximos filmes da Angelina, os próximos baldes de pipoca, os próximos álbuns da Gaga. Eu vou sempre te amar.

quarta-feira, março 09, 2011

Inexplicável.


Eram dois garotos não muito convencionais. Falavam demais, sentiam demais, amavam demais.
Esbarraram-se pela rua em uma tarde normal de segunda-feira. Papeis ao ar. Pedidos de desculpa. Nada demais. Dois passos à frente. O ônibus chegara. Correram novamente. Sentados lado à lado, um sentimento de vontade de conhecer um ao outro. Troca de telefones.
E começaram a se falar, a se conhecer, a se entender.
E o celular dos dois nunca mais parou de tocar. Um frio na barriga ao atender o telefone. Uma angústia de ter que desligar. A vida tinha de continuar.
Um tempo depois, marcaram de sair. Noite divertida, engraçada, repleta de gargalhadas. A rua estava fria, úmida, acabara de chover. Poucos faróis, pouca gente. Uma troca de olhares, de sorrisos, de sentimentos. Um beijo.
-Acho que estou me apaixonando.
Um sorriso sem graça. Mais um beijo.
-Me tornei um bobo apaixonado.- Respondera o outro com bochechas vermelhas.
-Tá na minha hora. Boa noite. Se cuida.
E todo mundo sempre soube que o se cuida é o eu te amo mais escondido por medo das palavras.
No dia seguinte se encontraram novamente. E também nas semanas seguintes, nos meses seguintes, nos anos seguintes.
Se entendiam, se importavam, se amavam.
Enquanto viam um filme qualquer em mais uma noite chuvosa surgiu a pergunta:
-O que te fez apaixonar por mim?
-A maneira como você mexe no cabelo, mexe o nariz quando sorri, como sempre está de bom humor e pronto pra me ouvir.
O silêncio dominou novamente a sala perfeitamente decorada. Até um suspiro seguido do questionamento:
-E você, o que te mantêm apaixonado por mim?
-A forma como nunca me deixou sozinho quando estava triste, como sempre me deixa de bom humor, o carinho que sempre demonstrou.
-Sabe, não te trocaria por nada no mundo.
-Idiota! E acha que eu o trocaria?
E com risadas adormeceram abraçados, apaixonados. E dizem que até hoje se completam, se irritam, se amam. Da maneira mais inexplicável possível.

terça-feira, março 08, 2011

"Diferentes"


E o que importa é o que leva por dentro. A essência, o tempero, o amor. Uma pessoa heterossexual é completamente igual a um homossexual. O coração bate da mesma forma, sem escolher a pessoa. E a ignorância gira em torno dos de cabeça fechada. A vida é sua. Viva da forma que lhe traga um sorriso escancarado pela manhã. Já vi muita garota rica fugir de casa. Já vi muita gente linda sem nada por dentro. Muita mente genial ser considerada incompetente. Muita mente vazia ganhar título. Já vi muito homo ser mais macho que muito hetero. Já vi muito hetero com a mente mais aberta que de alguns homos. Já vi muita contradição, muita ironia, muita verdade omitida. Muita sociedade que não aceitava o que a pessoa realmente era. Mas a vida é de uma maneira para cada um. Cada pessoa de um jeito, um tempero, uma forma, uma atitude. O divertido, o engraçado, o que faz tudo valer a pena, é isso. Cada um nasceu de um jeito. E não será a sociedade que irá os reger. Então por favor, seus hipócritas ignorantes que a cada dia matam mais mentes, parem de pensar que só existe um jeito das coisas serem certas, enquanto existem milhões de pessoas com milhões de opiniões e sentimentos diferentes. Afinal, foi isso que vocês ensinaram pra gente, cada um é de um jeito. E que devemos respeitar sempre. Foda-se o que pensam sobre o corte de cabelo, as roupas, a sexualidade, as atitudes, os pensamentos. Se tudo isso fizer parte de mim, assim serei.

segunda-feira, março 07, 2011

Destino desenhado.


Noite escura, tenebrosa, silenciosa. Em meio a neblina o trem das dez chegara. Logo uma silhueta masculina, alta, magra surgira sob o poste com luz defeituosa. Esforçava-me para tentar identificar. A lâmpada não deixava. Continuou andando em minha direção. Com força soltou as malas no chão. Se aproximou mais um pouco. "Eu te amo", sussurrou. Minha vontade era de dar-lhe um tapa na cara, alguns gritos e um beijo. Porém virei-me de costas e comecei a andar. Ele me seguia, podia sentir sua respiração ofegante enquanto tentava alcançar-me. Alcançou. Puxou meu braço para trás. Me beijou. Empurrei-o.
-O que faz aqui? (Perguntei rancorosa).
-Vim atrás do que amo. (Respondeu firmemente). Me desculpe.
-Desculpar? Pelo que?
-Por jamais ter lhe dito o quanto lhe amava.
-Levou-me ao chão na manhã em que partira sem despedir-se.
-Não conseguia mais lhe ver sem te ter. Deixe-me reconstruir seu coração.
-Para quebra-lo novamente?
-Para amar-me novamente.
-Não posso ama-lo de novo, enquanto ainda o amo pela primeira vez.
-Nunca a esqueci.
Desabei em lágrimas bem ali, naquela parte, naquela hora. Podia ver em seus olhos que dizia apenas a verdade. Beijei-lhe naquele instante. Suas mãos tremiam, as segurei com força enquanto sussurrava em seu ouvido:
-Vê se desta vez não parte de novo.
Dei meia volta, peguei as suas malas, levei-as para casa, coloquei em um canto da sala. Ele abriu o ponte de bolachas, após me jogar sobre o sofá. E dizia algo meio assim, que o nosso fim sempre esteve escrito em um canto de algum papel. Só precisávamos passar pelos rabiscos que o antecediam.
Fechei os olhos, viajei na mente. Quantas são as probabilidades de que o amor exista? Não interessa. Eu o amo.

E amara.


Suspirava baixo, enquanto o medo lhe tomava a mente. Medo de perder novamente o que nunca a pertenceu. Mas amara tanto, sonhava tanto, sorria tanto. Falava demais enquanto só queria dizer um "te amo". E só dava valor depois que perdia. Hoje morreria por um minuto do que possuía todas as tardes. Uma saudade de um tempo em que o mais importante era chegar em casa correndo e ver que ele já estava esperando. E o coração batia dilacerado pela mesma pessoa engraçada. Esperava da janela que os pássaros cantassem. Não cantaram. Porém mais um sorriso se abria. Lembrava-se que um dia já teve tudo que mais queria. Sorria por amar tanto aquela criatura unica. Que o libertara para o mundo sabendo que o levaria sempre junto ao peito. Sem dúvidas, foi amado da maneira mais adorável. Sem dúvidas, será amado até o último suspiro.